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O poder de síntese é fascinante

Sintetizar, pode ser, em algumas circunstâncias, no mínimo constrangedor. Como jardineira amadora e cuidadora profissional de gente (filhos), são esses os exemplos que me acenam. Entre botânicos, por exemplo não basta eu apenas comentar que na minha casa tenho uma begônia arroxeada que mesmo impactante, em cinco anos ainda não consegui que ela ficasse tão espetacular como quando a adquiri no viveiro. Na minha tentativa de saber onde estou errando (muita luz, sol direto, pouca água, pouca ventilação, urina de gato?) descubro que família Begoniaceae está formada por mais de vinte espécies e a Rex é apenas um das minhas favoritas (talvez porque conheço apenas duas ou três delas). Nas demandas pontuais, cada filho usa a técnica que melhor domina: um prelúdio de carinho e gracinhas, um comentário no ar que vai sucedendo o anterior, uma mensagem digital.

Escolhi sintetizar em uma imagem este poema de Portia Nelson especialmente pelo seu brutal acerto em descrever nossa tendência de insistirmos na tentativa e negarmos o erro.

Autobiografia em 5 capítulos.

1. Ando pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio. Estou perdido ... Sem esperança. Não é culpa minha. Levo uma eternidade para encontrar a saída.

2. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo. Não posso acreditar que estou no mesmo lugar! Mas ainda não é culpa minha. Ainda assim levo um tempão para sair.

3. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está. Ainda assim caio... é um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa! Saio imediatamente.

4. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta.

5. Ando por outra rua.

Portia Nelson, There's a Hole in My Sidewalk: The Romance of Self-Discovery

Portia Nelson (27 de maio de 1920 - 6 de março de 2001) foi uma cantora, compositora, atriz e escritora popular americana.

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